quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Janela da alma

    Hoje choveu só na minha janela do ônibus. Todas as outras janelas esbanjavam sol e felicidade. Na minha, chovia uma chuvinha tonta, que embaçava a vista e a mente. Chuvinha insossa, que perdurou num congestionamento de 2 horas. Congestionamento mental. Congestionamento de planos e pensamentos, a construção de um grande cenário digno de Hollywood. Que, bem, nós sabemos: não vai acontecer.
    Alguém irritante batia os joelhos na parte de trás do meu banco. Parei por um instante para perceber, e, ritmadas batidas, lembraram-me as do teu coração. Que nunca o ouvi de pertinho, e só escutei assim, de longe. E a chuva, música dos céus, ainda descia graciosamente só pela minha janela, como um escape, como um limpador de janelas que só vê aquela, pequena e escura janela cheia de cortinas, suja. Chuvinha tonta, insossa. Não me deixava nem ver por onde seguia o ônibus. Achei que ia me perder nesse congestionamento físico e mental.
    Essa chuva, bendita!, me apagou os olhos pro mundo e me virou só pra voz que me falava na cabeça; Acredita! Vai em frente! Para de querer não-ser-feliz. A vida vai longe só que ela passa rápido também. 
     Só não passa a chuva que ainda cega a minha janela suja. A única janela des-feliz daquele ônibus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário