Alguém irritante batia os joelhos na parte de trás do meu banco. Parei por um instante para perceber, e, ritmadas batidas, lembraram-me as do teu coração. Que nunca o ouvi de pertinho, e só escutei assim, de longe. E a chuva, música dos céus, ainda descia graciosamente só pela minha janela, como um escape, como um limpador de janelas que só vê aquela, pequena e escura janela cheia de cortinas, suja. Chuvinha tonta, insossa. Não me deixava nem ver por onde seguia o ônibus. Achei que ia me perder nesse congestionamento físico e mental.
Essa chuva, bendita!, me apagou os olhos pro mundo e me virou só pra voz que me falava na cabeça; Acredita! Vai em frente! Para de querer não-ser-feliz. A vida vai longe só que ela passa rápido também.
Só não passa a chuva que ainda cega a minha janela suja. A única janela des-feliz daquele ônibus.
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