domingo, 14 de novembro de 2010

Pouco de mim no muito que falo

  Capricórnio, o décimo signo, inicia-se com o solstício de inverno, no hemisfério norte. Simboliza a retração, a dureza, o recolhimento, a frialdade. Nesta época é preciso ter muita habilidade e paciência para suportar os rigores do clima. Também representa a chegada, do adulto, ao auge de sua carreira, após uma árdua ascensão, galgada a custo de muito trabalho. É o símbolo do pai, e de seu mundo: todo o ambiente mais sóbrio e silencioso, emocionalmente distante, cheio de regras e deveres, mas também de recompensas para aqueles que sabem aguardar por elas. Trabalho e seriedade são os atributos básicos do capricorniano. Seus ganhos e sucessos são frutos de sua atitude, altamente direcionada e planejada. A ambição é a força motriz de seu comportamento. Eles almejam destacar-se, chegar ao cume; e dedicarão o máximo de si na busca deste ideal. Renunciarão a todo luxo e conforto, enquanto não atingirem sua meta.
  São bastante tradicionalistas e conservadores. Têm dentro de si um senso forte de hierarquia, o qual não quebrarão por nada no mundo. Não são de criar inimigos, pois consideram que isso só iria atrapalhar sua projeção. Irão assumir postos secundários sem reclamar, ainda que abaixo de sua capacitação, sabendo que lealdade e determinação são por fim reconhecidas.
  Gostam da solidão como poucos. Nela restabelecem-se e reordenam os pensamentos. Mas nela também se refugiam e se entregam à melancolia e ao pessimismo. Não conhecem muito da alegria. Parece-lhes que a alegria é um mito, com o qual gente séria não deve perder muito tempo.

  O capricorniano tende a ser muito rígido com os outros e consigo mesmo. A disciplina é um elemento indispensável para indivíduos tão tenazes assim. O capricorniano se mantém forte e impassível, e não desiste, custe o que custar. Pode tornar-se um avarento insuportável, ou uma pessoa viciada em trabalho, esquecendo por completo dos cuidados com a própria saúde, ou da atenção aos seus entes mais próximos.
  Esta frieza certamente só lhes é possível sob uma repressão descomunal de suas emoções. Um capricorniano evita falar de seus sentimentos, mesmo perante seus (poucos) amigos mais próximos. Se possível, o capricorniano finge que o sentimento não existe, pois quando pensam neles ficam menos objetivos. Quando a emoção lhes aflora, eles assustam-se e encolhem-se como uma criança medrosa.
  Por ser um signo cardinal, o capricorniano é um iniciador. Quando direciona esta energia para uma carreira, ele irá longe. Ele é bem prático quanto a isso: sabe aonde quer ir e como chegar lá. Não gosta de correr riscos. Sua grande dificuldade é lidar com o que está além de si. Pois planejam tanto que podem tornar-se escravos de seus próprios planos, sem espaço para improvisar quando é preciso.
  Mitologicamente, o signo é representado por uma cabra com cauda de peixe. A cabra é o animal que sobe a montanha até o cume, ainda que precise desferir algumas cabeçadas no que estiver bloqueando o seu caminho. A cauda indica a origem marinha. O capricorniano sobe, pois, do nível do mar até o topo do mundo, pelos próprios esforços. 

sábado, 13 de novembro de 2010

Poema de Phenomeno

                 Para isso somos feitos:
                 Para lembrar e ser lembrados
                 Para chorar e fazer chorar
                 Para enterrar os nossos mortos -
                 Por isso temos braços longos para os adeuses
                 Mãos para colher o que foi dado
                 Dedos para cavar a terra.


                 Assim será a nossa vida:
                 Uma tarde sempre a esquecer
                 Uma estrela a se apagar na treva
                 Um caminho entre dois túmulos -
                 Por isso precisamos velar
                 Falar baixo, pisar leve, ver
                 A noite dormir em silêncio.


                 Não há muito o que dizer:
                 Uma canção sobre o berço
                 Um verso, talvez, de amor
                 Uma prece por quem se vai -
                 Mas que essa hora não esqueça
                 E por ela os nossos corações
                 Se deixem, graves e simples.


                 Pois para isso somos feitos:
                 Para a esperança no milagre
                 Para a participação da poesia
                 Para ver a face da morte -
                 De repente nunca mais esperaremos...
                 Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
                 Nascemos, imensamente.
                                                         Vinicius de Moraes - Poema de Natal

domingo, 7 de novembro de 2010

Nem tudo fica bem quando parece bem

" Não fique nessa de sofrer por antecipação, de ser ansiosa ao extremo. É como eu sempre digo: não adianta se torturar assim, vai que amanhã o dia nasce azulzinho? você ficou triste de graça. E eu tenho pra mim que tudo vai dar certo. Às vezes é mesmo necessário mudar de estrada, nem que seja para caminhar na outra calçada, mas temos que seguir sempre e em frente. Compreendo que tem dias que os problemas se amontoam, talvez nem chegam a ser problemas tão grandes assim e já te vejo mais quieta. "
créditos à comunidade


  Tem dias que a saudade começa a apertar antes da hora, e não há palavra que cale a gritaria que começa aqui dentro de mim. Aliás, não só a gritaria, como a tristeza, um pouco de arrependimento, um tantinho assim de questões do tipo "e se". 
   Sexta eu estava bem. Pensativa, mas bem. Mas o abraço de uma pessoa, que entrou na sala com os olhos cheios d'água me fez desabar. E essa pessoa veio, abraçou-me e disse que nós precisávamos fazer alguma coisa.
  Eu não tenho o poder de mudar o mundo, e nem o quero ter. Mas é que a vontade adolescente de querer marcar a vida de alguém me perturba mais do que a qualquer um. Gosto de tocar, com palavras, o coração das pessoas que as ouvem. Preciso de reconhecimento, e isso já foi dito. Mas, infelizmente, não consigo mais do que lágrimas.
  O futuro parece que prega peças, não é mesmo? A paz é sempre seguida por um momento de guerra, pois sem ela não existiria. Sem paz não existe guerra, e sem guerra não existe paz. Então, num dia feliz, a vida te dá um ramalhete de flores, e logo no outro te manda uma bomba-relógio. Você sabe que é assim, e mesmo assim sorri para as flores e teme a bomba-relógio.
  O ponto em que quero chegar é: chega uma hora em que a bomba-relógio demora a ser entregue, e tudo fica calmo, pacato. O ser humano é tão complexo, que se instiga com a tranquilidade e começa a procurar em qualquer lugar - QUALQUER lugar - um problema com o qual se preocupar, e é isso que me deixa indignada. Se é certo que a bomba logo chegará, por que não curtir o ramalhete de flores ao invés de ficar procurando novas bombas? Aliás, assim que a bomba-relógio de verdade chegar, seu impacto será maior por causa dos outros problemas. 
  E depois, as pessoas dizem que não tem paz. É só você se dar paz, que tudo fica bem.
  Mas fazer o quê se os seres humanos são assim?! Eu preferia ser um etê.. Etês são muito mais fáceis de se entender.